Ramo de Don Justo Marcos y Garcia




A personagem principal deste ramo é Don Justo Marcos y Garcia.
Nasceu em Espanha, em Nieva de Cameros (Logroño) no dia 31 de Maio de 1803 e morreu em Campo Maior, Portugal, no dia 17 de Janeiro de 1871.

Empreende viagem rumo ao Sul e a Portugal na companhia de um sobrinho, de nome Eugénio Vilahoz, de um amigo e de dois
criados.
Era nobre. Fidalgo espanhol (Hijo d`algo) inscrito no Solar de la Tejada, a corporação nobiliária mais antiga do Reino de Espanha.


fidalgo (significado)

"Esta palavra foi originada etimologicamente pela expressão filho de algo, descendente de alguém com posses ou de categoria social proeminente. Tradicionalmente, designa uma pessoa que pertence a uma classe superior por nascimento e não por nobilitação.
Terá passado ao uso português a partir do castelhano hijo d'algo, aparecendo em Portugal nos finais do século XII ou início do XIII e expandindo-se rapidamente a sua utilização a partir do século XIV.

Este estatuto tinha usualmente muitos direitos e privilégios, havendo também distinções entre os fidalgos: havia os fidalgos de grande solar (mais importantes e com maior grau de nobreza), solar notório, solar conhecido e de cota de armas ("guerreiros apenas, nobilitados pelos feitos menores de armas, às vezes sem terras ou título de família").

Estes títulos dependiam do maior ou menor poder social, económico e antiguidade comprovada da família, subdividindo-se ao longo dos tempos em muitos outros."

Vem com importantes cartas de recomendação. O amigo, que veio com ele de Nieva de Cameros, fica em Villanueva de la Serena e é um dos fundadores da Banca Pueyo. O sobrinho, Eugénio Vilahoz, nunca casa e morará por muitos anos em Campo Maior com o  tio. 
A primeira casa que compra em Campo Maior é um antigo convento no Largo da Igreja de S. João.

Ele não vive aí mas sim noutra casa que também compra  na actual rua 1º de Maio, onde ainda hoje vive a familia Agrela (Encarna Agrella). Para além dessa grande casa ainda compra a quase totalidade das casas do Terreiro pois a sua ideia era ampliá-la muito mais.



No livro Revivendo o Passado, de Lourenço Cayolla, Lisboa, 1929, o autor descreve com rigor todas as casas e familias moradoras na antiga rua da Cadeia, em Campo Maior, entre os Cantos de Cima e a Igreja Nova (actual Igreja Matriz). Na pág. 85 pode-se ler: "...e  por ultimo a casa de D.Justo Garcia, que adquirira uma sólida fortuna, vindo as suas filhas a ser origem dalgumas das familias que  hoje ocupam na vila situação de maior destaque. Nos baixos dessa casa ficava o estabelecimento de D. Eugenio Vilahoz, espirito enérgico e empreendedor, que compreendia o 
comércio por uma forma muito diferente da dos seus vizinhos"



Compra também muitas propriedades, todas junto à raia. A Pombinha, a Quinta das Queimadas, o Monte do Bicho, o Salvador.... e muitíssimo mais, foi tudo comprado por ele.

Casa, aos 35 anos, com Maria José Mocinha, uma jovem viúva de 20 anos, também ela rica herdeira das propriedades do seu pai, João Rodrigues Mocinha. ( Ver testamento e partilha de bens em Documentos e no Ramo Mocinha)

Maria José Mocinha (irmã mais velha de Manuel Jerónimo Mocinha que casa com Maria Emilia de Mello e Minas), era viúva de Joaquim Sertã com quem tinha casado aos 18 anos. Não teve filhos desse casamento e, dois anos mais tarde, a 22/04/1838 casa com o D. Justo. O noivo era 15 anos mais velho que a noiva.

Têem 5 filhas  que estão na base de vários ramos e casas agrícolas de Campo Maior. Dele descendem os Pereira, os Regalla e os Agrella.
Dizem que quando morre tem mais de 30 propriedades e uma fortuna em dinheiro.



As 5 filhas e a descendência de Don Justo e de Maria José Mocinha:

1ª - Maria Justa- Nasce em 1839. Casa em 1867 com o Dr José Maria da Fonseca Regalla, médico, natural de Aveiro. Casam ambos com 28 anos. Tiveram 3 filhos:
      1.1- Maria Garcia Regalla, que casa com o primo em segundo grau João Minas. São pais de Agnelo Regalla Minas que casa com Sofia Tello da Gama e têem os filhos: João casado com Maria Sofia Pinheiro Lopes (pais de Maria de Lurdes, Agnelo João, Maria de Fátima e Luis Fernando da
Gama Minas), Maria de Lurdes que casa com José Corado da Mata (são pais de Maria Teresa, Maria Sofia e José Manuel Minas da Mata) e Luis Manuel que casa com Maria Luisa Dores Lopes (pais de Luis Agnelo, Maria da Conceição e José Eduardo da Gama Minas)
( ver este ramo na 4ª, 5ª, 6ª e 7ª geraçao)
      1.2- Ana Garcia Regalla, que casa com um Sr Corte-Real Mascarenhas que foi, anos mais tarde, Presidente da Câmara de Campo Maior. Ana morre de parto mas tem uma filha de nome Alda Regalla Mascarenhas que casa com o Capitão César Correia. Deste casamento nasce José Mascarenhas Correia casado com Maria Julia Lobão Tello de Abreu. Foram pais de José Augusto, Luis Filipe e Maria da Conceição Tello Mascarenhas
      1.3- José Garcia Regalla, médico como o pai, casa com a prima em 1º grau (filha da tia Baldomeira) Laura Pedroso. Foi o herdeiro da sua tia Maria do Carmo que não tem filhos e lhe deixa a totalidade dos bens. Têem 2 filhos: José e António. Ambos morrem solteiros e sem descendência


2ª - Ana das Dores- nasceu em 1840. Casa a 3/08/1878 (no mesmo dia que a a irmã Baldomeira) com o Dr João Diogo Agrella. O noivo, médico, madeirense, será Presidente da Câmara de Campo Maior. Ela casa com 38 anos, ele com 32 anos. Tiveram 2 filhos:
        2.1 - Justo Garcia de Agrella, que casa com a prima Maria José Pereira. Foram pais de:
          2.1.1-Maria das Dores Agrella, que casou com Arménio Carneiro Pinheiro. Deste casamento nasceram os filhos João Manuel, Maria de Fátima e Carlos Manuel Agrella Pinheiro.
         2.1.2- Mário Pereira de Agrella que casa com Encarna Gomez. Foram pais de Maria José e de João Mário Gomez de Agrella.
         2.2 - João Garcia de Agrella - Solteiro

3ª - Maria do Carmo- Nasce em 1843 e casa com o primo em primeiro grau Dr Jerónimo Mocinha Pereira (filho da tia Ana Rita Mocinha, irmã da mãe). Quando casaram ela tinha 42 anos e ele, médico, tinha 26 anos. Não tiveram filhos. O marido morre cedo.
As irmãs tentam interditá-la pois, aos 84 anos, faz testamento deixando todos os seus bens ao sobrinho José Garcia Regalla (filho da irmã Justa e casado com uma também sua sobrinha, Laura Pedroso, filha da irmã Baldomeira). É observada por uma Junta Médica que conclui estar em perfeito juizo e capaz de dispor livremente dos seus bens..
         
4ª- Baldomeira Cândida- n.1849. Casa a 3/08/1878, juntamente com a irmã Ana das Dores, ambas na Igreja Matriz. Casa com o Bacharel em Direito, e Juiz em Elvas, Dr José Maria Pedroso Baratta dos Reis. Ela com 29 anos, ele com 36 anos. O noivo, como curiosidade, era sobrinho de João Carlos da Matta Gambôa de Mello e Minas, filho da irmã deste D. Ana Adelaide Christina de Mattos e do seu marido Ivo Baratta dos Reis. Foram pais de:.
4.1- Maria José 
4.2- Ana Cristina
4.3- Sofia Baldomeira
4.4- Laura Garcia Pedroso Barata, que casou em Campo Maior a 21-VI-1921 com  José Garcia Regalla, seu primo em 1º grau ( filho da sua tia  Justa Garcia e do seu tio José Maria da Fonseca Regalla).

5ª- Maria José- n. 1851. Casa em 1876, com o primo em 1º grau José Mocinha Pereira, filho da tia Ana Ritta Mocinha, irmã da mãe. Ambos com 25 anos. O noivo, por altura do casamento, tem como profissão "filho de familia". Tiveram 5 filhos:
5.1-Justo Garcia Pereira que casou com Clotilde Corado e foram pais de:
        5.1.1 - Virginia, que casou com Henrique Pereira Parreira e tiveram 2 filhas: Maria Clotilde Pereira Parreira que casou  com António Marques Antunes ( tiveram um filho Henrique Parreira Antunes) e Maria Teresa que casou com António Manuel Rodrigues Zincke dos Reis (tiveram 5 filhas: Maria do Rosário, Margarida, Maria Paula, Maria Rita e Ana Isabel Pereira Parreira Zincke dos Reis)
        5.1.2 - Lucinda. Solteira
        5.1.3 -Maria Beatriz. Solteira
        5.1.4 - Carlos que casou com Maria da Luz  Silva e foram pais de Maria Regina,  Ana Maria e maria Isabel.
5.2 - Maria. Solteira
5.3 - Virgínia. Solteira
5.4 - José. Solteiro
5.5 - João, que casou com Maria da Conceição Duque, de Elvas. Tiveram 3 filhos:
        5.5.1- Maria do Céu, casada com Carlos Luis Parreira. Pais de Maria da Conceição, João Luis, Maria Teresa, Maria do Céu e Margarida Duque Pereira Parreira.
        5.5.2 - Maria José que casou com Manuel Marques e tiveram 5 filhos: Manuel, Paulo, José Gonçalo, Nuno e Filipe Marques
        5.5.3 - João Duque Pereira. Não casou.


No livro de Rui Rosado Vieira " Espanhóis residentes em Campo Maior em 1837", pode-se ler na página 8:

"Justo Garcia,..., terá chegado a Campo Maior nos inicios do decénio de 1830.
Quando o arrolamento da populaçao se efectuou, aquele mercador tinha trinta e dois anos, era solteiro e morava, juntamente com seus dois jovens empregados e compatriotas, naturais de Terra de Camellos, na mais extensa e populosa artéria da Vila- a Rua da Cadeia.
A casa de residência de Justo Garcia, que servia também de sede dos seus negócios, situa-se no mesmo lado da rua do palácio dos Carvajais, ao cruzamento com a rua do Paço, nas cercanias do espaço que, entre os Sec. XVII-XX constituiu o centro cívico e comercial do burgo- o Terreiro da Misericórdia.
O próspero espanhol casou, em finais da década de 1830, com uma campomaiorense de nome Maria José Mocinha e faleceu, com sessenta e seis anos, em 17 de Janeiro de 1871.
Um jornal de Elvas, em noticia enviada de Campo Maior datada do dia seguinte ao da sua morte, informa que faleceu Justo Garcia, hespanhol, rico proprietário nésta villa, deixando uma fortuna para mais de cem contos de réis, fortuna reunida pelo seu trabalho e industria e favorecida pela felicidade com que entrou nesta povoação há quarenta e tantos anos.
A herança foi tão valiosa que mesmo depois de repartida pelas suas cinco filhas, estas, após constituirem casa própria, deram origem a algumas das familias campomaiorenses mais abastadas da primeira metade do Séc.XX"

(nota: neste livro o autor comete a inexactidão de naturalizar Justo Garcia no Condado de la Niebla, na Andaluzia. Faz-se confusão entre Nieva de Cameros e Condado de la Niebla).


Fundamentos da nobreza de Don Justo:

Justo Marcos y Garcia é natural de Nieva de Cameros, Espanha. Filho de Martina Garcia Del Pozo e de Narciso Marcos Merino, ambos nascidos em Nieva de Cameros (Logroño). Nobres. Com assento nos Pleitos de Hidalguia (livros de Fidalguia).





Pleitos de Hidalguía que se conservan en el Archivo de la Real Chancilleria de Valladolid: extracto de sus expedientes; siglo XIX
Archivo de la Real Chancilleria de Valladolid, Vicent de Cadenas Y Vicent

"MARCOS MERINO, Narciso. Vecino de Nieva de Cameros (Logroño). Por si y como padre de: Félix y Justo.
N. Nieva de Cameros, 7 de Noviembre de 1768.
C. Martina Garcia del Pozo. hija de Martín Garcia de Velasco y de Maria Ursula del Pozo, en Nieva de Cameros, el 9 de Junio de 1790.
H.Félix (bautizado el 23 de febrero de 1798) y Justo (bautizado 31 de Mayo de 1802), naturales de Nieva de Cameros.
I, J, 2 de Abril de 1808
Padre: Julián Marcos Diego, viudo de Concepción Gimenez. Nascido en Nieva de Cameros, 3 febrero 1714
C. Manuela Merino Sáenz, hija de Lorenzo Merino Sáenz y de Catalina Sáenz y Corral, en Nieva de Cameros, el 14 de Abril de 1749.
H. Manuel, Julián y Narciso
Abuelo: Diego Marcos Diego, hijo de Domingo Marcos Sáenz y de Ana Diego; nieto de Juan Marcos y de Catalina Sáenz, descendiente del solar de Tejada (Logroño).
N.Nieva de Cameros, 1 de Mayo de 1686.
C. Josefa Barrón, hija de Pedro Diego Garcia y de Maria Barrón Fernandez, en Nieva de Cameros, el 12 de Abril de 1706
Legajo 1,260. Numero 11. Expediente 2.667



A familia de Don Justo Marcos y Garcia é descendente do Solar de la Tejada. Ver aqui:


Estava inscrito assim como o seu pai e irmão no Livro de Registos do Solar de la Tejada.
(MARCOS MERINO, Narciso. Vecino de Nieva de Cameros (Logroño). Por si y como padre de: Félix, Justo Angel y Narciso. Todos ellos, padre incluido, inscritos en el Ilustre, Noble y Antiguo Solar de Tejada 


Parte de um e-mail recbido do Solar de la Tejada como resposta a um pedido nosso de informações sobre o Don Justo:


Saludos, Tomás Rubio de Tejada"





                                                              Escudo do solar de Tejada

Encarna Agrela, através do sogro, sabia histórias da vinda do Don Justo Garcia. Foi ela que nos contou que com ele veio um amigo, também de Nieva de Cameros e que esse amigo ficou em Villanueva de la Serena e foi um dos fundadores da Banca Pueyo.

No site da Banca Pueyo encontrámos este artigo sobre as origens da Banca:
http://www.bancapueyo.es/index.php?option=com_content&view=article&id=80&Itemid=142


Nieva de Cameros ( de onde vem Justo Marcos y Garcia):

FOTOGRAFIAS DA FAMILIA de D. JUSTO



















Curiosidades:


A Pombinha, que na altura era conhecida como Tapada da Pombinha e era foreira, foi comprada por D. Justo Garcia. Por morte dele calha em partilhas á filha  Maria Justa Garcia. ( ver em DOCUMENTOS).
Maria Justa Garcia e José Maria Regalla melhoram muito a casa de habitaçao (que já existia) e usam-na como casa de férias, dada a situação nas margens do Xêvora onde gostavam de passear de barco, como atestam as fotografias da época.

              (Passeio no Xêvora com a Ermida da Enxara ao fundo. Muito provavelmente o sobrinho e as 5 filhas do Don Justo Garcia)

                               (José Maria da Fonseca Regalla, marido de Maria Justa Garcia e genro de Don Justo Garcia)

                
Fotografia identificada por Encarna Agrela, Nela estão as 5 filhas do D.Justo com os maridos e alguns netos do D. Justo. Tirada nas escadas traseiras da Pombinha. Á frente, á esquerda, sentado junto ás crianças e com chapéu na cabeça, está o sobrinho do D. Justo, Eugénio, que sempre viveu.com ele

(A nossa bisavó Maria Regalla, neta materna de D. Justo Garcia)

De  Maria Justa Garcia a Pombinha passa para a filha Maria José Garcia Regalla. Desta para o filho único Agnelo. Dada a morte prematura deste passa para a mulher Sofia Tello da Gama., que apesar de ter várias propriedades lhe tem um carinho especial. Na sequência da Revoluçao de 1974 a Pombinha, assim como várias propriedades de Sofia Tello da Gama Minas, são expropriadas.
http://www.dre.pt/cgi/dr1s.exe?t=dr&cap=1-1200&doc=19762936%20&v02=&v01=2&v03=1900-01-01&v04=3000-12-21&v05=&v06=&v07=&v08=&v09=&v10=&v11=Portaria&v12=&v13=&v14=&v15=&sort=0&submit=Pesquisar
Quando volta a integrar o património familiar e é partilhada, por morte de Sofia Tello da Gama e fica para o filho mais novo, Luís Manuel.


                                     

Fotografia na entrada da Pombinha de José Maria da Fonseca Regalla, médico, casado com Maria Justa Garcia e genro de D. Justo.







Fotografia existente no Monte do Salvador de Justo Mocinha  Pereira com a mulher Maria José Mocinha Garcia. Respectivamente genro e filha de D. Justo Garcia. Casaram em 1876, ambos com 25 anos. Primos em 1º grau, filhos de duas irmãs. Ela era a filha mais nova de D. Justo e, como curiosidade, foi a que casou com menos idade.
Este casal teve 5 filhos: Justo, Maria, Virginia, José e João Garcia Pereira.

A actual proprietária, Maria do Céu Duque Garcia Pereira Parreira, é bisneta do D. Justo.
É, actualmente, a descendente mais próxima de D.Justo.



Outra curiosidade:

Antigamente sempre que se viajava, mesmo dentro do pais, era necessária um passaporte para o efeito. Nesse passaporte para além de constar o destino da viagem, constava também a descriçao fisica da pessoa.
Vejam estas duas licenças concedidas a D.Justo Garcia e a sua descrição:




" Em 24 dei passaporte a Justo Garcia, negociante, natural de Torroallo (??) , residente nesta villa que vai para Lisboa. Idade 35, altura 60 polegadas. Com rosto redondo, cabelo e sobrancelhas castanhos, olhos pardos, nariz e boca regular, cor natural. Válido por 40 dias. Campo Maior 24 de Junho de 1844"



"Em 2 dei passaporte a Justo Garcia, proprietário e residente nesta Villa que vai para  Lisboa. Idade 36, altura 61 polegadas, rosto redondo, cabelo e sobrancelhas castanhas escuras, olhos pardos, nariz e boca regulares, cor natural..."




O jazigo onde está enterrado D. Justo Garcia no cemitério de Campo Maior.