12/11/2014

Carta dum Ratinho

Esta carta foi enviada por um Ratinho ( trabalhadores que vinham de fora, em grupo, fazer as ceifas), para a Camara de Campo Maior e para a nossa família. Nela, um antigo elemento deste grupo, descreve a ceifa na Herdade da Boa Vista e refere-se à nossa avó Sofia e bisavó da 8ª geração.
Penso que todos os primos da minha geraçao guardam uma grande recordação dela e gostam de a ver retratada desta maneira e assim transmitir a sua memória aos mais novos.

(Tenho o original scaneado. O texto é mais completo e inclui desenhos de utensílios agricolas da época. Posso enviar por email a quem destiver interessado).



Senhor Presidente da Câmara Municipal de Campo Maior:

Com os meus melhores cumprimentos, venho por esta via, junto do Sr. Presidente, transmitir uma "faceta" do seu concelho que decerto nunca alguém lhe transmitiu e que poderá ter muito valor para a história de Campo Maior.
Atrevo-me a escrever o que recordo, porque vejo muitas vezes na televisão o Sr. Presidente e porque fico encantado com o seu dinamismo e vontade de tornar o seu concelho um exemplo de bem viver e dar valor ao passado.
Sendo assim, aqui vai:
Tenho 70 anos de idade, sou aposentado da função pública e sou ex-combatente, em Moçambique - 1966/1968. Mas, quando há 57 ou 58 anos, eu tinha 14 ou 15 anos, fui um pequeno elemento de um grupo de "ratinhos" e fomos ceifar durante 40 dias para o Monte da Boa Vista, em Ouguela, o qual era propriedade da Sr.ª D. Sofia Tello da Gama Minas.
O grupo era organizado na minha aldeia - Juncal do Campo, Castelo Branco - e acolhia homens de várias aldeias vizinhas como: Freixial do Campo, Chão-do-Vão e Barbaído. Íamos em meados de Maio e iniciávamos a tarefa a ceifar fava para secar. Depois, até ao fim, era ceifar cevada especial que se destinava às fábricas de cerveja.
A nossa chegada a Campo Maior era controlada pela GNR, porque os naturais de Campo Maior (população quase inteiramente rural) não nos acolhia com "bons olhos" já que, no seu entender, lhes íamos roubar o trabalho e, desde logo, inviabilizar as suas reivindicações laborais. A GNR recebia-nos, no nosso autocarro, às portas de Campo Maior e, sob sua escolta, levava-nos até ao monte.
A “contrata”, como era conhecido o acordo, tinha a duração de 40 dias; comida e dormida no campo onde decorria a ceifa, eram por conta da “senhora”.
O grupo oscilaria entre os 35 e 40 homens e alguns adolescentes, como era o meu caso. Eu, com 14 anos, fui escolhido pelo “manajeiro” – o responsável pelo grupo – para ficar encarregue da função de “manteeiro”, para transportar comida, água e correio, para o “corte”, ou seja, para o local onde o pessoal ceifava. Para o efeito, foi-me distribuída uma carroça e uma égua que eu baptizei de “Menina”.
Tive a sorte e o privilégio de encontrar como que “um pai e uma mãe”, nas pessoas do casal responsável pela cozinha e pela copa. Ele chamava-se António e ela Libânia. Trataram-me como um filho e isso, eu nunca esqueci e já lá vão 58 anos!...
A “contrata” tinha um valor fixo. Claro que era superior ao que os trabalhadores fixos do monte auferiam. Daí, o desagrado deles pela nossa presença. De salientar que, quer nós, quer os trabalhadores do monte, em conjunto, tornávamos o Monte da Boa Vista, uma autêntica aldeia. Era, de facto, muita gente: arrieiros, pastores, porqueiros, vaqueiros e outros… Havia também muitos animais e muitas “parelhas de mulas”. Máquinas havia poucas: haveria uma ceifeira antiga que avariava constantemente; haveria um ou dois tractores a que se acoplava o engenho que servia de “malhadeira”, (ou debulhadora) separando o cereal da palha.

O Monte da Boa Vista tinha uma área tão grande que nós nem sabíamos onde terminava.
À entrada para Ouguela, do lado direito e junto à ribeira, perto da fronteira com Espanha, havia o posto da Guarda Fiscal. As coberturas das casas do quartel eram de colmo, uma espécie de palha trabalhada para substituir as telhas.
Durante os quarenta dias a comida era sempre igual. Ao almoço, grão com muita e boa carne de porco e beldroegas. Era simplesmente maravilhoso. Antes, de manhã, era o pão fatiado e bem regado com o bom azeite da casa, alhos, azeitonas e bom queijo, pequeno e seco mas, tudo muito bom. À tarde, era água, azeite, vinagre e pão migado aos pedacinhos. O complemento da noite era o queijo, o bom pão (marrocate) que ia diariamente de Campo Maior e algum enchido que sobrara do grão do almoço. Diga-se, que era tudo com abundância.
No último dia, a Sr.ª oferecia um almoço especial: Badana (carne de ovelha velha) em caldeirada com batatas, que era uma delícia. Só nesse dia é que era acompanhada de bom vinho tinto. Para esse almoço, vinha o “feitor” que trazia e entregava ao “manajeiro” o dinheiro vivo correspondente ao total de “ratinhos” e que este distribuía em partes iguais, excepto aos adolescentes como eu. Não me recordo de quanto seria, pois isso era com o meu pai que também estava no grupo. Terminada a “contrata”, ainda no Monte da Boa Vista, ficava a mesma logo acertada para o ano seguinte.
Terminada a “festança” e o “acerto de contas”, já lá estava o autocarro da empresa “Martins Évora” que nos levava de volta às nossas aldeias.
Da Sra. D. Sofia Tello da Gama Minas, recordo-me porque cruzava muito com ela devido à minha presença quase constante na cozinha do monte. Já nessa altura a senhora era viúva. Lembro-me que se tratava de uma senhora “franzina”, “pequenina”, mas muito activa. Ao lado da cozinha havia uma enorme capoeira de onde ela, todos os dias, retirava muitos, muitos ovos.
Há uns anos atrás, fui visitar o monte. Mas … nada estava como era. Gente, não havia. Ovelhas, porcos, galinhas … nada! Apenas um jovem casal de ucranianos que habitavam na zona da grande cozinha-copa do antigo monte e que me acompanhou na visita. O que vi foram as muitas vacas e a indicação de “Caça Protegida”.
E, pronto, Senhor Presidente. Gostava que mandasse responder à minha carta, dizendo se gostou e se tem interesse para a história de Campo Maior. Para qualquer esclarecimento, estou ao seu dispor. Alerto que, porque não concordo com o “Acordo Ortográfico”, escrevo como aprendi na minha “grande” 4ª Classe.

Respeitosamente
Luís Lopes Magueijo





08/11/2013

Caçada Real em Ouguella. Jantar da caçada na Pombinha


Estas duas fotografia ( frente e verso escrito á mão) referem-se á ultima caçada Real em Portugal. O Rei veio caçar a Ouguela ás terras da nossa familia. Posteriormente o nosso bisavô Joao Minas ( que tinha na altura 39 anos) e o irmão Manuel Jerónimo Minas, oferecem o jantar da Caçada na Pombinha.
Esta caçada dá-se no dia 25 de Janeiro de 1908 e o Rei D.Carlos é assassinado uma semana depois, no dia 1 de Fevereiro de 1908, no seu regresso a Lisboa.






 O que está escrito no verso: Fotografia tirada pela ocasião da ultima caçada Real em Ouguella no dia 25 de Janeiro de 1908. Jantar na"Pombinha", depois da caçada oferecida pela Casa Minas. Photographia do Ex.mo Sr João Minas.
( Esta fotografia com o verso escrito á mão encontra-se no Convento de Campo Maior.)



Se repararem á porta de entrada da Pombinha (ainda não tinham construido o telheiro actual), estão sentadas 2 crianças. O avô Agnelo entao com 8 anos, e a Tia Mª Amélia Minas, um pouco mais velha, foram conhecer o Rei. O menino está de boina na cabeça e a menina com um grande chapéu de festa. Estão a fazer um picnic á porta de casa. Um dos adultos que está no grupo, com chapéu, é  o nosso tio bisavô Manuel Jerónimo Minas que vai dar origem ao ramo Minas da Piedade.

Vê-se dois carro de cavalos com os cocheiros.

Esta fotografia foi tirada, na Pombinha,  na manhã desse dia. Depois seria o jantar da caçada.

( esta fotografia foi revelada pelo Arq. Luis Dias Caraças a partir do negativo original em vidro). A mesma fotografia com o verso escrito á mão (o original) está emoldurada no Convento de Campo Maior. 




11/09/2013

Actualização de 2 ramos

Foram actualizados os Ramos MOCINHA e o de D. JUSTO GARCIA.
Já temos a descendência de ambos. No caso do ramo do D.Justo temos os descendentes actuais até á 7ª geração. Estes ramos cruzam- se continuamente através de casamentos entre primos.


26/03/2013

José Carlos de Mello e Minas

Jose Carlos de Mello e Minas, natural de Campo Maior, nasceu a 28 de Março de 1852. Cumpriu missões no Ultramar pelas quais foi elogiado e condecorado.
Tivemos acesso ao seu processo militar através do Arquivo Histórico Militar.
Fez carreira militar. Morreu como Coronel reformado em 1901.
Nāo teve filhos, pensamos que não terá casado e a irmã e nossa trisavó, deu-lhe sepultura no actual jazigo da nossa familia em Campo Maior.

06/03/2013

Joaquim Carlos de Mello e Minas



Nesta casa, na Rua de S.Bento ( cruzamento com a Calçada da Estrela), viveu Joaquim
 Carlos de Mello e Minas, médico, e irmão da nossa Trisavó Maria Emilia de Mello e Minas.

Morreu sem filhos e foi enterrado em Campo Maior, no jazigo da nossa familia.













João Carlos Gâmboa de Mello e Minas

Foi nomeado Administrador do Concelho de Proença-a-Nova no dia 13 de Março de 1866, por Decreto Real de  D. Luis, Já tinhamos confirmado esse facto na Câmara de Proença-a-Nova onde tivemos inclusivamente acesso a actas da época e assinadas pelo nosso quarto-avô.
Chegou-nos hoje, da Torre do Tombo, cópia do documento da nomeaçao dele para o cargo.


Para já não nos parece que traga mais informações, mas serve como mais um documento.

A investigação faz-se assim, passo-a-passo... ás vezes de caracol, outras vezes conseguem-se grandes saltos...

26/01/2013

À descoberta do nosso Quinto-Avô.

A nossa investigação, que esteve muito parada nos últimos meses, já tomou novo fôlego!

Agora apontamos baterias na vida, carreira e património dum antepassado de que muito pouco sabemos: João Carlos Álvares Pereira de Mello e Minas. Curiosamente sabemos mais da vida dos  seus antepassados que da dele próprio.
Esta investigaçao leva-nos à Torre do Tombo, a estudar os Registos das Mercês Reais (no reinado de D. Maria I e de D. Joao VI), ao arquivo Histórico Militar (tinha idade para ter combatido na Guerra Peninsular), ao Registo do Desembargo do Paço, à Mordomia-Mor da Casa Real (o seu filho foi Moço-Fidalgo e já temos esse Alvará), à Leitura de Livros de Bacharéis (o pai, Manoel Diniz Minas e um tio, Ambrósio Diniz Minas, eram bacharéis, e estes processos têem muita informação), a Processos da Inquisição, a Decretamento de Serviços, ao Arquivo dos Feitos Findos, e a procurá-lo em Ordens Militares...

O caminho não é fácil mas já temos hipóteses formuladas e um rumo prá investigação.
Esperamos, dentro de algum tempo, ter novidades!



(Uma curiosidade:
Teve como padrinhos de baptismo os princípes do Brasil e futuros Reis de Portugal, D. Joao VI e Dona Carlota Joaquina, nascida Princesa de Espanha.)





11/12/2012

Actualização da 9ª geração

Quem quiser já pode ver as fotos do Bernardo Pinheiro e da Marta Pinheiro, no local que lhe pertencem. São os dois um apetite!

 A família Minas continua a aumentar!!! Parabéns aos pais!!!

25/09/2012

Nova Identificação


Na fotografia nº 26 ( identificada por Encarna Agrela) estão as
5 filhas do D. Justo Garcia, com os seus maridos e alguns filhos. Nesta fotografia, tirada nas escadas traseiras da Pombinha, estão também empregados da familia, tanto da casa como do campo.
Uma das filhas do D. Justo foi Maria Justa, nossa trisavô, que herdou do seu pai a Pombinha e casou com o Dr José Regalla, médico, natural de Aveiro. Foram pais da nossa bisavó Maria Regalla que casou com o bisavô João Minas.

06/07/2012

Família aumentada!!


A família já conta com mais um elemento: a  Maria Inês.
Nasceu hoje, dia 6/7/2012 , no hospital da Cuf Descobertas. Pesou 2,790kg, correu tudo bem e é muito querida!
 É a 1ª filha do Zé Mata e da Cláudia! Vai tomar o lugar que lhe é devido na 9ª geração!

03/07/2012

Novo esquema. Antepassados Minas.


Curiosamente o apelido Minas foi-nos, pela segunda vez, transmitido por via feminina.
Manuel Álvares Diniz Minas, pai de João Carlos Álvares Pereira de Mello e Minas (1ª geração) herda este apelido do seu avô materno, de nome Manoel Diniz Minas.

Nota: Vila da Cortiçada era o antigo nome de Proença-a-Nova.


25/06/2012

A nossa investigaçao não está parada

A nossa investigação não está parada mas quanto mais se recua no tempo mais lentamente se avança. Estamos agora a estudar mais particularmente o apelido Minas.
Vem de Proença-a-Nova. Eram os Diniz Minas e o apelido foi-nos transmitido por via feminina.
Já temos bastantes certidões e documentos mas queremos avançar um bocadinho mais antes de publicar novas gerações.

O lado feminino da familia (7 ª Geração) nos anos da Teresa Mata

01/06/2012

01/05/2012

Novidades na 1ª Geração.

Recuámos um pouco mais na história e na nossa pesquisa e já sabemos quem são os avós maternos e paternos de João Carlos Álvares Pereira de Mello e Minas.
A familia materna vem da India, Goa. A paterna é de Proença.

Foram seus padrinhos de baptismo os princípes do Brasil e futuros Reis de Portugal, D. Joao VI e Dona Carlota Joaquina, nascida Princesa de Espanha.

16/04/2012

O grupo da galinha


Quem está "de burro" porque não tem a galinha ao colo? Quem é indiferente á dita? Quem a  agarra como se de um tesouro se tratasse? Quem olha pró bicho com pena e curiosidade?

05/04/2012

Passaportes

Antigamente sempre que alguém se deslocava, mesmo dentro do pais, tinha de se pedir um passaporte pró efeito. Nele constava a duraçao e destino da viagem assim como a descriçao fisica do portador do mesmo.
Vejam em CURIOSIDADES vários passaportes de antepassados nossos.
Ficam a saber que o João Carlos Gâmboa de Mello e Minas era alto prá  época, que o D. Justo Garcia era de cara redonda e os Mocinhas eram trigueiros...

02/04/2012

A família no Geneall

Já temos quase todos os dados introduzidos e actualizados no Geneall.
Podem ver aqui e a partir desta entrada ir subindo ou descendo nas gerações.

http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=1296929

06/02/2012

Olá a todos!




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